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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Fantasmas de Marte - Capítulo 4

A VIAGEM

 - ANUKET, VENHA RÁPIDO, A CARRUAGEM REAL VEIO TE BUSCAR ! - disse sua mãe Ísis, em uma mistura de sentimentos confusos e contraditórios. Por um lado, estava muito orgulhosa da filha, pois ela estaria cumprindo com seu dever ao faraó, a encarnação de Rá. Talvez se ela servisse bem, e agradasse aos nobres, eles poderiam lhe agraciar com um convite para trabalhar na pirâmide, talvez ela fosse elevada ao estatus de nobre da corte. Por outro lado, pensou ela, sua filha correria o risco de perder seu passaporte, então ela seria possuída por sua beleza e inteligência, e nunca mais veria seus pais, seu gato, seu lar, e principalmente seu céu estrelado que tanto ama.

 Um suspiro lhe escapa do peito, lhe arrancando uma lágrima solitária escorrendo por seu sorriso, hoje mais belo que nunca. Não, é claro que isso era impossível. Em toda a história daquela civilização, nunca jamais um nobre promoveu o estatus de um servo camponês, isso era simplesmente impossível. Toda a corte do faraó era nascida e criada dentro da pirâmide, sempre foi assim, com algumas excessões de filhos bastardos de servas possuídas tentando se firmar no poder. Interessante como funciona a cabeça do ser humano, sempre procurando por diferenças, sempre medindo e comparando qualidades e defeitos. Naquela sociedade, não importava a cor da pele, nenhum traço físico, apenas a localização do seu berço, a origem de sua família. Foi pensando nisso que um dos antigos faraós Rá expediu a lei do camponês, basicamente exigindo que todos os servos esquecessem seu sobrenome para sempre. Somente nobres teriam o privilégio do nome da família, o privilégio de servir diretamente ao faraó e de compartilhar das dádivas de sua divindade, sua comida, suas roupas, sua morada, seus servos.

Um último abraço na sua mãe, que não consegue dizer nada. Seu pai, hesitante, lhe estende a mão, mas dessa vez tentando ser delicado, e então a estranheza do gesto lhe assusta e ele corre para dentro de casa antes que pudesse tocar a menina. Ele mesmo não compreende o que sua mão tentou fazer, seria uma espécie de tapa na cabeça, devagar e sem força, mas ao mesmo tempo queria lhe esfregar os cabelos. Mas seu sentimento não era o de ferir a pobre menina, e isso o assustou. Ele sentiu isso uma vez no passado, a muito tempo, quando sua esposa prometida Ísis lhe foi entregue em sua casa. Naquela época, sem o copo de cerveja na mão, ele tentou um gesto similar, o que acabou assustando a então pequena Ísis, que saiu correndo, chorando, para seu espanto. Nunca mais farei isso, disse ele.

Na carruagem real, os servos andavam atrás dos dois homens, filhos bastardos de servas e nobres, que lhes eram concedidos privilégios de nobreza mas deveriam servir em trabalhos menos agradáveis, na parte administrativa da pirâmide. Só havia um momento da vida do servo que ele poderia andar de carruagem, e esse momento seria seguido de sua mumificação. A longa jornada não era problema, os camponeses eram acostumados com a falta de conforto. Seriam dois dias, com quatro paradas para comer e dormir. Cada servo levava consigo uma pequena bolsa de couro de cabra, com alguns pertences básicos. Uma escova de cabelo e uma escova de dentes, uma roupa de baixo, um reparo de sandália caso a alça arrebentasse, e um frasco de óleo perfumado, exigência de um dos faraós do passado, que tinha um nariz poderoso, e reclamava constantemente dos ventos que sopravam do campo para a cidade.

Anuket exibia orgulhosa seu passaporte, sem perceber a revolta crescente nos olhos de Anúbis, uma das filhas do vizinho. Anúbis nunca recebeu maus tratos de seu pai, muito pelo contrário. Era comum a menina ser pega pelos guardas saindo dos limites da zona proibida aos camponeses, sem um passe, e quando retornada a sua casa seu pai ora estava dormindo, ora dizia :" Deixa ela aí, desculpa o incômodo seu guarda, senhor." Um incômodo. Talvez ela não estivesse incomodando o suficiente para ser notada, talvez ela já tivesse incomodado mais que o suficiente para ser ignorada. Não mais. Ela não seria mais um incômodo. Seus planos não lhe agradavam no começo, ela esperava ser possuída de propósito, na esperança que seu pai um dia notasse sua ausência e viesse tentar um resgate. Mas vendo o passaporte de Anuket, uma idéia nefasta lhe dominava o pensamento. Ela poderia usar esse passaporte, e uma túnica real roubada, para se passar de nobre no palácio. Isso sim é um plano genial, pensou ela.

 - Anuket, lembra de mim, amiga? Que bom te ver aqui! Eu estava com medo de ir sozinha mas com você aqui tudo vai ficar bem. - A sua mais falsa imitação de boneca de desenho animado foi muito convincente.

 - Anúbis, bom te ver também. - Na verdade não, mas a educação vem de casa. - Não se preocupe, o meu (é difícil dizer isso em voz alta, breve pausa)  marido é um mensageiro real, e eu combinei com ele de me buscar no último dia, antes do fechamento. Posso te dar uma carona ! - A pé, é claro. Carona nesse caso era a simples presença do mensageiro real que podia ir e vir livremente. E o fechamento era uma hora crítica para as servas, principalmente as mais belas. Era o momento quando os nobres se retiravam da festa, exaustos, em êxtase, mas o fato de voltar pra casa exige que passe na lojinha e se compre uma lembrancinha. Só que nesse caso não tem lojinha, e a lembrancinha iria te servir para o resto da vida, ou da beleza na maioria dos casos.

A OUTRA VIAGEM

 - Todos os sistemas verdes, velocidade constante, radar limpo, gravidade na nave é de 123% a de Gaia, dentro do esperado, Comandante senhor.

 - Obrigado Sr. Baco von Dionísio. - As suspeitas do Comandante Júpiter se revelaram verdadeiras. O incidente de Baco provocou uma mudança profunda em sua personalidade. O antes bobo-da-corte agora se tornou o palhaço triste, quase uma pessoa normal. Isso lhe preocupava porque era justamente o motivo por ter escolhido Baco entre dezenas de outros candidatos, capacidade de manter a moral elevada da tripulação, e manter o capitão sempre com os nervos à flor-da-pele, alerta, irritado, com o coldre aberto e a arma destravada. Discretamente, o Comandante deveria fazer de tudo que fosse possível para trazer Baco de volta à realidade. E a solução estava bem ali, na mala enviada pelo presidente, entre outras coisas uma garrafa da melhor cerveja Strong Red Ale do planeta, fermentada de forma tradicional com o melhor mel e geléia real das mais finas abelhas Jataí, muito raras por serem impossíveis de se criar em cativeiro.

 - Atenção, Todos reunídos no deck superior em 5 minutos, por favor. - disse o Comandante no interfone.

 - POR FAVOR ? - De forma espontânea e sem ensaio, todos na nave se perguntam ao mesmo tempo, o que o comandante quis dizer com "por favor" ? Afinal, ele era o Comandante, o líder, o fazedor das leis. Não era de seu feitio pedir por favor, nunca. Talvez o homem estivesse com problemas, talvez estivesse com câncer cerebral inoperável, talvez fosse alguma técnica de marketing subliminar. Uma coisa é certa, em 15 segundos todos estavam reunidos no deck superior mortos de curiosidade para saber o que por favor significava.

 - Uau, isso foi rápido. - disse o Comandante com a mala presidencial nas mãos, o selo presidencial estampado na mala visível para todos. - Primeiro, quero dizer a vocês que o lançamento foi um sucesso, e como todos sabem, na engenharia aeroespacial 90% dos acidentes ocorrem na decolagem ou na aterrissagem, então essa é uma boa notícia. Como Comandante da missão vocês devem me ver como O chefe, O chato, O paizão exigente, mas por favor, se nós vamos ficar trancados em uma lata de sardinhas durante 4 meses, é melhor que sejamos mais do que profissionais, espero que possamos ser amigos. - Todos concordaram com a cabeça, até mesmo o Capitão que descruzou os braços e tirou a boina, em sinal de respeito. - Essa mala que eu tenho aqui é o plano B do presidente. Ele me chamou em um canto da sala e disse (faz voz rouca e olhar vesgo)"Se der merd@, usa a mala." (risos), e conhecendo o velho eu achei que tinha uma ogiva nuclear ou sei lá. MAS, para minha surpresa, aqui dentro tem uns presentes muito, muito interessantes, que eu quero compartilhar com meus amigos.

- E quando é que eles chegam? - Deu certo, Baco fez uma piada, bem na hora. O timing de Baco sempre foi perfeito, a nave explodiu de risos, Perséfone teve de ser amparada por seu pai para não cair no chão, até o Capitão riu, envergonhado e cobrindo a boca com medo que alguém notasse. O Comandante riu, ameaçou um tapa na nuca de Baco, e teve seu momento de papai Noel.

 - Já que todos estão muito ocupados rindo, vou começar com o Senhor, Sr. Baco von Dionísio, acredito que essa garrafa lhe pertence. - Ao entregar a garrafa, Baco arregalou os olhos, e abriu um sorriso de orelha a orelha como se seu queixo fosse cair no chão. Ele sabia tudo sobre cervejas, e sabia, como a poeira na garrafa e o rótulo amarelado pela humidade denunciavam, que aquela era uma garrafa que não poderia ser aberta de qualquer jeito, tomada de qualquer forma, essa garrafa merecia toda a honra, respeito e admiração de um verdadeiro amante de cervejas. Em um movimento quase involuntário, Baco salta e agarra o Comandante como se fosse uma garotinha ganhando seu primeiro ursinho de pelúcia, a cabeça pousada no ombro do comandante que faz uma cara de nojo completa a cena de filme de comédia pastelão. Antes de qualquer reação, Baco segura a garrafa como se fosse um bebê prematuro, e faz um discurso, à La Baco:

 - Obrigado, Obrigado a todos, Ai gente, que emoção (fala fino secando as lágrimas imaginárias). Primeiro eu quero agradescer a academia por essa nomeação... - O Comandante sabia que o Baco voltando ao normal, significava que o Capitão voltaria ao normal, ou seja, antes que o Baco levasse um tiro, era melhor interromper a sua performance.

 - Ficamos felizes pelo senhor, Sr. Baco von Dionísio, se sobrar algumas gotas por favor lembre-se do papai aqui. Continuando - Baco sai saltitando para apagar um alarme no painel, o Capitão sério coloca sua boina a exatos 17,5° de inclinação Leste, como manda o figurino militar. O comandante sabia melhor que ninguém que se você der um queijo ao rato, tenha em mãos uma sardinha para o gato, senão.... - Capitão Marte von Ares, infelizmente eu não conheço o senhor com grande intimidade, mas eu passei a minha vida toda no exército e sei que existem 2 coisas que um militar nunca tira da sua cabeça. Armas e mulheres. Eu tenho aqui uma coisa que acho que o Senhor vai querer guardar em segredo. - O Capitão adianta-se, tira algo da mala, uma caixa preta e um pacote marrom de papel, amarrado com um barbante, de forma retangular. O pacote marrom é rapidamente escondido longe da vista de todos, que como cortesia, fingiram não ter entendido a indireta extremamente direta do comandante. Mas a caixa preta foi aberta para todos verem.

 - Pelos deuses. Isso é lindo. Obrigado Senhor. - O Capitão tira algo da mala com uma delicadeza espantosa para alguém com seu histórico violento. Seus olhos brilham como se estivesse vendo seu filho nascer, e de certa forma foi isso mesmo que aconteceu. Todos ficam surpresos ao verem o que a princípio parece ser um revólver de modelo antigo, porém muito bonito, de pintura metálico verde musgo, decorado com pedras preciosas e detalhes em ouro, de cabo madre-pérola, meio grande mas muito leve. Mas não era somente um revólver velho para decorar a parede. Era o melhor e mais avançado sistema de proteção pessoal, como dizia no folheto informativo, do mais secreto desvio de verbas do exército planetário, essa última parte ficou de fora do folheto. Uma arma com 3 munições diferentes, anti pessoal ponta oca dun-dun, anti-armadura de alta penetração, tiro espalhado para curtas distâncias com ricochete, escudo magnético capaz de desacelerar e desviar balas metálicas, choque não letal para capturar o inimigo vivo, reconhecimento de digital evita roubo, comando de voz, GPS, rádio MP3, bluetooth, roteador wi-fi. Simplesmente, perfeita. Na maleta ficaram alguns acessórios, o carregador USB, e 4 tipos de munição, a ponta oca cobreada, a flecha de carbono anti-armadura, a cápsula vermelha cheia de chumbinho, e uma em forma de rosquinha. Ninguém percebeu.

- Vou chamá-la de Rita, em homenagem a minha avó que me criou até os meus 12 anos.  - Disse o capitão com a voz baixa e doce. Foi a primeira vez, e certamente a última, que o Capitão abriu seu coração em público. A oportunidade não poderia passar, pensou o comandante, que parabenizou o Capitão com um tapa nos ombros, como quem dá os parabéns ao papai de primeira viagem. Seguindo o exemplo, todos fazem o mesmo, exceto Baco, é claro.

"Você é um gênio Comandante Júpiter von Zeus, crise resolvida." pensa consigo mesmo o orgulhoso Comandante. Os demais presentes foram muito bem recebidos pela tripulação civil, embora eles nunca tivessem sido um risco para a missão. Questão de justiça, pensou o comandante, já que se a tripulação fosse toda militar, os demais seriam ordenados a retornar aos seus postos, e retornariam sem reclamar. A noite no espaço nunca acaba, mas a nave tinha sido projetada para sustentar a vida por décadas, já que seu motor movido a anti-matéria não poderia simplesmente ser desligado e guardado na garagem. "Essa nave é uma Bênção, e uma maldição." disse o cientista na conferência de imprensa, 2 dias atrás. Foi uma conferência reservada a imprensa especializada, Tv a cabo e publicações científicas, muito diferente dos abutres sensacionalistas.

 - O sistema de propulsão da nave não é nada de outro mundo, na verdade é muito simples. - explica o cientista chefe da engenharia aeroespacial - A anti-matéria tem duas características muito perigosas, a primeira é que se tocar a matéria normal mesmo que por um milésimo de segundo, uma reação explosiva de pura energia destrói tudo em um raio de até anos-luz de distância. Para guardar essa força divina - era muito raro um cientista evocar a presença de Deus em suas equações - não podemos simplesmente usar um vidro de azeitonas em conserva, é necessário um recipiente de vácuo altamente magnetizado. A princípio estávamos desenvolvendo esse recipiente quando uma teoria surgiu no quadro branco: E se pudéssemos concentrar essa força magnética em um único ponto? A matemática provou ser impossível, não em um ponto, mas uma reta, dois pontos, Norte e Sul. Assim, não foi possível, a princípio criar um recipiente em que a anti-matéria ficasse parada em um ponto, ela se moveria de sul para norte a velocidade da luz, seria como uma arma.

Eles poderiam ser uma imprensa especializada e civilizada, mas o professor descobriria da maneira mais difícil que uma vez imprensa, sempre imprensa: - Professor, sua descoberta influenciou a descoberta de um novo tipo de arma? Vocês pretendem distribuir para os soldados? Ela seria colocada em um satélite em órbita para ameaçar os inimigos da democracia?

 - Silêncio por favor, por favor. Eu não disse que foi feita uma arma, eu simplesmente usei um mau exemplo, me desculpem. Vamos continuar, sim? Um dos meus assistentes brilhantemente imaginou uma solução para esse paradoxo. E se o Norte terminasse onde o Sul começa, como um círculo? A anti-matéria ficaria dando voltas nela mesma como se fosse um daqueles antigos aceleradores de partículas que usamos no passado. Fizemos um protótipo com apenas um único átomo de anti-matéria, e para a surpresa geral, a força magnética foi tanta que todos os objetos metálicos se dobraram na direção do núcleo em forma de rosquinha. Por sorte, a decadência nuclear fez com que o anti-átomo se estabilizasse em alguns segundos antes que o prédio todo caísse em nossas cabeças. Muitas teorias depois, aqui estamos. O motor anti-matéria. Depois de fabricado, montado e ligado, ele funciona ininterruptamente durante décadas, sem reabastecer, sem queimar combustível, ele gera sua própria energia e mais 150 MWatts por mol de antimatéria, seu campo eletro-magnético é tão forte que serve de escudo contra partículas em alta-velocidade e ao mesmo tempo cria uma gravidade artificial no plano equatorial da rosquinha, como é carinhosamente conhecido, tanto em cima quanto em baixo, ou seja, uma pessoa pode ficar em pé acima do núcleo e outra pessoa fica em pé de ponta cabeça, na parte de baixo, por isso fizemos a nave em formato de disco, como dois pratos de sopa com a boca se beijando - Os repórteres se entreolharam pensando "esse cara não sai muito, né?" - enfim, acho que isso é o básico. perguntas?

 - Professor, como a nave se movimenta?

- Bem lembrado, eu esqueci de dizer, tem razão. - O professor começa a murmurar algo para si mesmo, como se estivesse fazendo anotações mentais gesticulando com as mãos como se estivesse apagando e escrevendo algo em uma lousa imaginária, uma cena que mereceu muitas fotos, mas não seriam publicadas, apenas uma piada interna entre os fotógrafos. - Bom, é isso, estamos todos de acordo. - Ele está de acordo com quem? Agora a pouco estava falando sozinho. Muito estranho - Se vocês puderem imaginar uma barra retangular de ímã, por favor. Me desculpem, eu não trouxe nenhum auxílio visual, acho que me esqueci de novo.

Nesse momento a sala toda se levanta desesperada - Não, não professor, tá tudo bem, não precisa, pode continuar, pelo amor dos deuses. - disse um repórter apoiado de seus colegas temendo outra lousa imaginária.

 - Ok, então o campo magnético desse Ímã retangular sai do pólo norte, se curva lateralmente e retorna pelo pólo sul, correto? Mas no reator de rosquinha - Toda vez que o professor fala rosquinha, alguns estômagos roncam na platéia entediada - o pólo norte e sul não é definido, pois eles giram axialmente. A resultante do giro é que no centro do furo surge uma força, como se fosse, sei lá, tipo uma roda de bicicleta girando, um giroscópio, só que mais complexo que isso. A força, como diria Platão, tem direção e sentido, ela começa em A e termina em B. No nosso caso, nós direcionamos essa força para baixo, e o resultado é que o reator sobe, voa, para cima, ignorando completamente a gravidade, fica mais leve, só que pesado. O que quero dizer, é que não temos certeza absoluta como o motor voa, mas voa. Uma teoria diz que a gravidade dobra o espaço, e a nave cai no buraco, e se o buraco anda pra frente a gente cai para frente. Outra teoria diz que nós sintonizamos a "frequência" (fala devagar mexendo os dedos em aspas) do centro da galáxia puxando ou repelindo, e navegamos como um barco no oceano, só que o oceano é 2d e o espaço 3d, tipo assim. (faz gestos incompreensíveis)

Com medo de prolongar mais o sofrimento, os repórteres se dão por satisfeitos e se retiram, após uma breve salva de palmas. - Quem paga as rosquinhas? - grita um deles, provocando o riso de todos. Todos, exceto um, sempre no seu terno marrom, sua presença discreta observa tudo com atenção. Em seus pensamentos, um filme passa em loop, o Capitão grita, todos caídos no chão, muita fumaça, faíscas, o Comandante pula para tentar tirar a arma do Capitão, ele faz a mira no reator, BANG. Seria perfeito, a missão fracassada, os cientistas desacreditados, o poder do Olho de Hórus von Osíris crescendo para salvar o povo das mentiras científicas. Se o homem do terno marrom fosse capaz de sorrir, essa seria a hora.

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