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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Economia Globalizada

eu tenho um UrubUno 2006 preto. O parachoque é feio, e custa 130 reais.

 

OBS: imagem ilustrativa, esse não é meu carro

Então eu vi essa coisa linda.


Então eu fui no Site de leilão de peças novas e usadas pra saber quanto custa. Advinha? Só o plástico, mais nada. Não, você errou. Chuta mais alto. Não, errou de novo, mais alto. Desiste? Então chora:

R$ 1500,00 mais 230 de frete.

Porque? Não, sério, porque? Porque a FIAT Brasil consegue fabricar e vender um parachoque por 130 e a SUBARU Malasya fabrica e vende um parachoque também feito de plástico mas custando 12 vezes mais caro? Como isso é possível?

 - " Mas Danghetti, o uno é um carro popular baratinho, o Subaru é de luxo, e custa caro."

OK,, eu não sou criança, eu sei que um relógio chinês custa 20 reais e um rolex custa 5000 dólares, mas porque estamos agregando valor estético, apesar dos dois objetos fazerem a mesma função. E eu já ouvi uma conversa que o rolex nunca atrasa e o chinês tem que acertar a hora todo ano. Cara, sinceramente, eu aposto que sua vida não é tão emocionante assim pra você precisar marcar o tempo com precisão de milésimos de segundo.

Mas um parachoque é uma peça de plástico que tem somente duas funções: Desviar o ar aerodinamicamente e se deformar absorvendo a energia da batida. O valor estético nesse caso está nos olhos de quem vê, não deveria existir valor agregado nesse caso. Então eu pensei :" Alguém está roubando muito dinheiro nessa história." Vamos investigar a bolsa de valores.

Subaru
Número de ações no mercado: 26.150.000
Valor unitário: 480 yenes japoneses
dividendo: 7,5

FIAT
Número de ações: 1.210.000.000
Valor unitário : 11 Euros
dividendo 0

Sou ignorante em economia, mas posso deduzir pelos números que a FIAT, também dona das marcas Ford, Chrysler, Dodge, Ferrari, Jaguar entre outras, é uma empresa muito maior e com muito mais recursos do que a humilde e 100% japonesa Subaru. Mas isso não está invertido, quero dizer, a empresa menor não deveria fazer um preço melhor para sobreviver? Não, essa impressão está errada.

Existe uma filosofia de pensamento na economia que se resume a seguinte frase:

 - "Qual é o máximo valor que a empresa pode cobrar do cliente e que mesmo reclamando ele ainda assim pague o preço?"

Por que o big mac custa enormes 21 reais, sendo que um prato de comida comercial completo (arroz feijão, salada, carne a escolha entre peixe, frango, vaca ou porco, batata frita e refrigerante) custa apenas 16 reais? Porque as pessoas pagam. Vamos ser sinceros, e por favor Não me processem, mas a qualidade dos ingredientes usados em fast food são horríveis, não tem valor nutritivo nenhum. Mas são gostosos, porque basicamente o que o corpo humano precisa para funcionar é gordura, açúcar, um pouco de proteína e vitaminas, fibras são boas mas também opcionais.

Então qual é o máximo valor que você pagaria no Uno? O meu custou 13 mil. E apesar de amar meu carro, foi caro, mas comprei. Quem compra um Subaru pensa exatamente a mesma coisa. Paguei 100 mil no meu carro mas eu amo ele. Pensando dessa forma, o caro e o barato ficam relativos. Os 130 reais do meu parachoque tem o mesmo impacto na carteira do que os 1500 terão no dono do Subaru, concorda comigo?

E se o mundo fosse um lugar justo e honesto? Como seria? Primeiro, não existiriam mais Unos milles, infelizmente. Eu sou apaixonado por esse modelo, é o segundo que eu tenho, e espero que quando chegar a hora de aposentá-lo, daqui uns 20 anos, eu ainda consiga comprar outro Uno, mesmo que seja esse novo pequenininho. Mas se o mundo fosse honesto, a maioria dos carros custariam mais ou menos o mesmo preço, porque as peças são feitas mais ou menos dos mesmos materiais. O mesmo painel de plástico do meu carro usa plástico preto tipo ABS reciclável que o Subaru, que o seu carro, que a maioria dos carros usam plástico no painel. O aço da carroceria é o mesmo. O alumínio do motor é o mesmo. Outros fatores estão envolvidos, por exemplo a mão-de-obra Brasileira é uma das mais baratas do mundo, um operário médio ganha 800 dólares mensais. O mesmo operário mas nos EUA ganha 2000 dólares e o europeu 3000 dólares. Mas ainda estamos falando de honestidade, então vamos discutir o salário.

O salário não é um presente do empresário, não é uma bênção de Deus. O salário é cuidadosamente pensado no menor valor possível capaz de igualar o custo de vida da região. O Brasil é um país barato, apesar da quantidade absurda de impostos pagos. Temos um mercado relativamente estável, com poucas importações consideradas fundamentais para a nossa existência. Outros lugares não tem tanta sorte. O EUA e a Europa tem uma coisa em comum. Eles não gostam de estrangeiros. E daí? Daí que o Francês não bebe suco de laranja brasileiro se estiver escrito na caixa product eau Brésil. O Americano, que é o maior consumidor de suco de laranja Brasileiro, não sabe disso. Ele acha que aquele suco vem do méxico ou na maioria das vezes, ele não quer saber e tem raiva de quem sabe.

A Rússia, que ultimamente brigou com a Europa, mudou sua importação de carne e agora compra só do Brasil. Eles odiaram isso, porque nós temos a fama de sermos um país sujo, sem higiene. A Europa também odiou isso porque perdeu um cliente importante, e o dinheiro que iria para eles veio para cá. O Governo Brasileiro adorou isso, porque o imposto de exportação é uma grande fonte de renda para os funcionários públicos, já que eles não trabalham e dependem de verbas públicas. Mas e nós, o povo? Eu odiei, o kilo do patinho que eu usava para comer bifes saltou de 12 reais para 22 em menos de três meses. A rússia está comendo a minha carne, meu custo de vida aumentou, mas o salário se arrasta a passos de tartaruga seguindo a inflação totalmente artificial liberada pelo nosso governo populista. Se a carne aumentou 85%, e o salário só aumenta 8% ao ano, eu precisarei de 10 anos comendo repolho e frango até poder comer carne novamente. Skavurska.

Voltando ao assunto inicial. Se o carro não tivesse nenhum valor estético agregado, todos os carros seriam um Gurgel, o mais feio e funcional possível. Mas a vida não é assim, nós como consumidores temos um valor abstrato na cabeça de quanto custa a beleza. Uma Ferrari tem muita beleza agregada, já o VW Polo é considerado por uma grande revista de automóveis Australiana como o carro mais "sem graça" do mundo. Óbviamente eles não conhecem o meu carro, kkkkk.

Pense bem, meu amigo, antes de comprar algo. Quanto vale seu dinheiro? Isso custa tudo isso mesmo? Esse dinheiro está sendo bem investido, ou eu estou desperdiçando um recurso valioso? Abraço a todos, fiquem com Deus.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Fantasmas de Marte - Capítulo 7

SEGREDOS

No bar azul, palco de danças e musicais, as meninas aproveitam um espetáculo raro na vida de um camponês.

 - Anuket, vamos no banheiro?

 - De novo? Chega de beber mosto, Anúbis. Aqui eles fazem puro, fica muito doce.

 - Por isso mesmo. Em casa o mosto é meio salgado por causa da água do rio. Esse é melhor do que eu tinha imaginado. Mas ele desce direto, e me deixa ansiosa. Vamos no banheiro e depois vamos achar alguma coisa pra fazer. Vamos!  - Anúbis agarra Anuket e entra no banheiro. Lá dentro, as meninas inocentes entram as duas no mesmo biombo e fecham a porta. Em seguida entram duas mulheres, conversando alto, um pouco embriagadas, se olham no espelho para pentear os cabelos. Anuket só consegue ver as suas botas de crocodilo, semelhantes as botas de Bastet.

 - Então amiga, tá chegando mais um leilão aí. Hora de faturar alto.

 - Hora de faturar ponto. Quem fica com tudo é Dona Sekhmet. Nós só recebemos presentinhos.

 - Você é uma fresca que só sabe reclamar. Nós somos guardas de uma força respeitada e temida. Nós somos privilegiadas. Ás vezes, só às vezes, eu tenho um pouco de pena das meninas que nós vendemos.

- Ah, cala a boca, sua bêbada. Nosso trabalho é o melhor! Todo mundo sai ganhando. O nobre ganha uma escrava. Dona Sekhmet ganha riqueza e poder. As servas ganham a vida luxuosa do palácio aos pés dos deuses, ao invés de ficar cortando cevada e ordenhando cabra o dia todo. E nós, ganhamos presentes. HAHAHA

- Pera aí? Você não estava reclamando dos presentes agora pouco?

 - Eu não, sua louca! Eu adoro ganhar presente. Mas Dona Sekhmet tem potes e mais potes de mel, e ela só me deu uma colherinha. E quando eu pedi o pote ela me olhou como se eu fosse uma cadela faminta.

 - Você é uma cadela faminta, por isso eu gosto de você. Eu odeio gatos. Hhahahaa

As duas supostas guardas saíram rindo e cambaleando. Anúbis, como sempre, olhar parado, boca aberta e sem entender nada. Anuket por outro lado, de olhar parado, boca aberta, paralisada de medo, tentava organizar sua mente para fazer algum sentido daquilo tudo. "Então é verdade. Não só os nobres possuem as servas do festival, mas tem até uma organização de mulheres que facilitam o trabalho." concluiu a brilhante jovem. Uma imagem mental começa a se fazer de Dona Sekhmet, uma mulher poderosa e sem escrúpulos, que venderia a própria alma a Hefesto se este fizesse um recibo.

O pânico começa a lhe dominar a imaginação, ela vê em sua mente uma jovem acorrentada pelos pés sendo espancada por um nobre risonho, assim como foi com Bastet. Isso não poderia acontecer, não com ela, não com a esposa de um mensageiro real, e portadora de passaporte. O Passaporte! Suas pequenas mãos procuram rapidamente segurar o medalhão em busca de um alívio temporário. Mas e como ficaria no leilão? As guardas com certeza lhe tirariam o passaporte, como qualquer outra serva comum. Talvez, se houvesse um lugar seguro para guardar o passaporte, e no momento certo ele aparecesse, tudo ficaria bem. Mas onde? E em quem confiar? Talvez houvesse alguém alí de bom coração, talvez Bastet? Não, mesmo Bastet sendo uma ex-escrava, ela não trairia a confiança de sua mestra. "Preciso conhecer mais pessoas, talvez alguém me ajude mesmo sem saber." pensou ela.

Sem conhecer os mecanismos legais do leilão, seu plano fracassaria. Primeiro, era preciso encontrar um presente digno de Dona Sekhmet, assim lhe seria permitido conversar com ela. Segundo, deveria fazer amizade com os inimigos de Dona Sekhmet, alguém que estivesse descontente, assim como a guarda sem mel. Então, Anuket esconderia o passaporte dentro de alguma coisa, e esse objeto deveria ser entregue no momento preciso do leilão, surpreendendo a todos, e libertando-a das obrigações legais. Não seria fácil. Tudo deveria funcionar perfeitamente, não tem espaço para planos B aqui. Talvez, talvez os homens desse lugar pudessem servir para alguma coisa além de beber e brigar. Ela sabia que era linda, e sabia que poderia usar de sedução a seu favor, escapando no último minuto da luxúria alheia. A possibilidade de sucesso lhe devolve a vida aos seus lindos olhos cor de caramelo, e ela sorri por um momento, até ser lembrada de onde estava.

 - Pfiiiiii.

 - AH ANÚBIS ! PELO AMOR DE RÁ, VOCÊ COMEU UM RATO MORTO DO LIXO SECO AO SOL?

 - Me escapuliu. Foi sem querer querendo!

 - Vamos sair daqui. Temos que encontrar mais pessoas. Alguém aqui nesse lugar sabe me explicar o que está acontecendo.


REVELAÇÕES

 - Doutora Perséfone, Sr. Hades está acordando. Eu vou tentar conversar com ele mas acho que vai ser difícil acalmá-lo. Entenda, talvez ele desconte a raiva em você. Seja forte.

 - Eu entendo Comandante. Eu devo pedir desculpas a ele também. No fundo do coração eu sempre soube que isso aconteceria, mas não fiz nada para impedir.

 - Bom, isso é bom. Se ele te ver como vítima da situação também, será mais fácil. Lembre-se de uma coisa: Ele é filho de Hera, a vingança é necessária para restaurar a honra deles, MAS, eu PRECISO que esta missão funcione direito, e preciso de todos fazendo o seu trabalho. Faça ele entender isso.

 - Eu quero o Sr. Hypnossono comigo.

 - Não acho boa idéia agora. É preciso uma mente aberta para aceitar novas verdades, e a dor da traição atrapalha o raciocínio. Vamos devagar.

Comandante e Perséfone seguem da estufa para o consultório, passando pelo Capitão no corredor.

 - Capitão. Como vai?

 - Todos os sistemas operacionais, Senhor. - Bate o pé no chão e estufa o peito, olhando para frente.

 - Haha, não Capitão, eu não estou de serviço agora. Eu quis dizer como vai o senhor? Podemos jantar juntos e conversar mais tarde?

 - Si - sim, senhor. Como quiser. - O Capitão tenta esconder o nervosismo. "Será que o filhinho do presidente está sabendo do meu plano? Não pode ser, ele não sabe de nada. Será?" pensa o capitão.

Já na enfermaria, Hades acorda tentando tirar a sonda da garganta. Perséfone rapidamente aplica a anestesia spray e puxa o longo tubo com delicadeza. Comandante se senta ao lado da cama e retira os fios elétricos do monitor, desligando os milhares de alarmes ensurdecedores.

 - Senhor Plutão von Hades, que bom te ver de novo.

 - Por favor, Comandante. Eu gostaria de não mais usar meu nome latino. Meu verdadeiro nome é Muhhamad Ali. Eu me lembro do alarme de incêndio, depois me lembro de uma sombra passando por uma porta de luz.

 - Provavelmente era eu. Veja meus ouvidos. Doutora Perséfone teve de restaurar meus tímpanos, e as suas orelhas também, infelizmente elas ficaram pretas e foram substituídas por essas sintéticas. Doutora, eu acho que você errou nas medidas, essas são menores. haha.

 - Pára, Comandante. Estão perfeitas.

 - Então acho que devo ser grato ao senhor por ainda estar vivo, comandante. Obrigado.

 - Não me agradeça ainda, Sr. Ali. Temos de acertar as contas para não sobrar troco, se é que o Senhor me entende.

Nesse momento, Muhhamad olha nos olhos de Perséfone que não consegue segurar as lágrimas, e tenta estender a mão fraca para tocá-la no rosto. Perséfone reconhece o esforço e completa o gesto, levando seu rosto até as mãos geladas. Ele fica alguns minutos em contemplação, pensando. O Comandante aguarda pacientemente. Então, finalmente:

 - Comandante. Eu nasci próximo ao lugar da sua história, onde o senhor ganhou sua pedra. Eu conheço aquela gente, mas tive a graça de Hera de sair daquele inferno muito jovem, e absorvi muito pouca coisa daquela loucura. Meus pais foram mortos fugindo da guerra para me dar um futuro melhor. Eu sempre fiz a minha parte, mas a guerra sempre encontra um maneira de me achar, até aqui no espaço. Qualquer um no meu lugar diria que esta seria uma boa hora para parar de fugir e dar o troco com toda a vingança que me é de direito, não concorda?

 - Sim, mas...

 - Mas, permita-me continuar. Eu também tenho uma história para contar a vocês dois. Eu tinha um amigo, também fugitivo da guerra. O nome dele era Osama. Ele era muito legal, divertido alegre. E a família dele deixou muito dinheiro. Nós sempre andávamos juntos, sendo adolescentes normais. Um dia, nós estávamos em um bar, assistindo a televisão, e vimos uma reportagem sobre a capital financeira do mundo, a cidade mais rica, Athenas. Quando a câmera mostrou seus prédios mais altos, símbolo de seu poder político e econômico, Osama riu e fez um barulho com a boca:" BUM". Eu não tinha entendido na hora, então eu ri também. Dias depois, ele foi ficando cada vez mais sério e preocupado, conversando com umas pessoas que eu nunca tinha visto na vida, e me deixando de fora das reuniões secretas. Aquilo foi ficando chato, e um dia perguntei o que era aquilo tudo. Ele disse: "Os infiéis vivem uma vida no paraíso construído sobre o sangue e as lágrimas do cadáver do nosso povo. Eu quero lembrá-los disso. ". Dias depois houve o atentado a Athenas, e o resto vocês já sabem. Mas a parte que mais me perturbou é que meu amigo não queria mudar o mundo, e não queria fazer o bem a ninguém. A única coisa que ele queria era vingança, e mais nada. Só empatar o placar, como se a vida fosse sómente um jogo. Eu me decidi nesse dia a não jogar esse jogo. Vingança só gera mais vingança. A verdadeira vitória está em fazer um bem tão grande ao seu inimigo que ele não tem como lhe retribuir. Você fez isso por mim, comandante, salvou minha vida e eu não posso lhe retribuir. Você também Jade, depois que te conheci, sinto que você me salvou de uma vida de guerra e vingança. Eu só penso em maneiras de lhe retribuir todos os bons sentimentos que você me dá.

 - Com licença, será que eu posso entrar? Espero não estar incomodando? - diz Doutor Hypnossono entrando pelo consultório de maneria discreta. Sua presença e seu sorriso sempre iluminam o ambiente.

 - Por favor Doutor, entre. Eu já estava de saída, (tosse).  - Diz alegre o convalescido, causando risos em todos.

 - Eu trouxe um presente desejando melhoras. Uma caixa de bombom, e um livrinho com frases de sabedoria, que servem para animar o espírito.

 - Que fofo Doutor! Por favor, leia uma frase para nós. - Perséfone se anima, pois era a intenção dela desde o começo que Muhhamad e Hypnossono conversassem. A esperança da moça divida entre o amante e o pai era que através dos ensinamentos neutros do doutor oráculo, os três pudessem chegar em um consenso de paz e convivência em harmonia.

 - " A rigor, sombra ou luz são estados de tua própria alma. Alegria ou tristeza emergem do teu interior. Toda criatura encerra consigo um poder transformador. O teu sorriso é luz que acendes na face, iluminando a Vida. Alivia o teu coração do peso de toda a mágoa. Experimenta sentir contigo a leveza do perdão. "

 - " Não vibres negativamente contra os teus semelhantes. Nem te regozijes com o fracasso de teus desafetos. O coração mais endurecido não resiste a um gesto de ternura. Aproxima-te dos que se distanciam de ti, sem colaborares para que a distância se faça ainda maior. Se da parte dos outros pode haver descaso, da tua pode existir indiferença. Muitos tem inimigos, porque fazem questão de tê-los." ( Dias Melhores - Carlos A. Baccelli / irmão José - Editora Leepp)

As sábias e surpreendentemente apropriadas palavras provocaram um ataque de risos e choro em Perséfone, que agarra Muhhamad pelo braço meio desajeitada, provocando dores no coitado. Comandante não fica surpreso, afinal, quem mais poderia aparecer sem ser chamado e dizer as palavras certas na hora certa? Tão discretamente quanto apareceu, o Doutor se vai deixando seus presentes, o livrinho e o ambiente leve e alegre. Mas tem uma coisa fora do lugar aqui.

 - Quem é Jade?

 - O que? - Pergunta Muhhamad sem entender.

 - Na sua história, você estava falando com Perséfone mas disse Jade. Não adianta desmentir, ela ouviu também.

 - Ah, não começa com fuxico não, Comandante. Seu fofoqueiro. Jade sou eu mesma, é o nome sírico para "moça bonita de olhos verdes".